Page 28 - Teresina Shopping (15 Anos)
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SHOPPING CENTER DO FUTURO:


                                                                   CENTRO DE COMPRAS


                                                                   OU POLO URBANO?



                                                                    João Alberto, Arquiteto

                                                                               Comprar, vender, trocar...Aopção pelo mundo urbano se baseia no negócio. Desde que
                                                                  no mundo, quer ocidental ou oriental, se estruturaram as primeiras cidades, estas se tornaram tão
                                                                  vigorosas quanto as possibilidades de comércio que ofereceram.As cidades antigas, cujos modelos são
                                                                  as matrizes das cidades modernas, têm seus centros vitais em torno dos mercados que, mesmo
                                                                  espontâneos, definiam a vitalidade urbana e a importância do lugar. Os milenares mercados persas, a
                                                                  ágora grega, o fórum romano e os rossios medievais são sinônimos dessa necessidade humana
                                                                  essencialàvidaurbana.
                                         Na sociedade moderna, em particular na Europa do século XIX, surgem as primeiras lojas de departamento, já em resposta aos anseios
                             de qualificação da atividade comercial oriunda da produção industrial ainda que insipiente em seus primórdios, deixando aos mercados tradicionais a
                             responsabilidadepeloabastecimentodegêneros,boaparteaindanainformalidadedasfeirasedaproduçãoartesanal.NaprimeirametadedoséculoXX,
                             consolidadas as grandes metrópoles como atratoras das populações, objeto de desejo e admiração da maioria das pessoas e inexorável destino de
                             moradia para a raça humana, surgem os primeiros conceitos de shopping centers, em resposta à crescente demanda por consumo, agrupando os
                             interesses de maneira vantajosa e prática para o consumidor e para os comerciantes, por equilibrar a oferta de mercadorias limitadas a uma tipologia
                             preestabelecidadeprodutoseaumadeterminadadimensãodaconcorrência.
                                         A aparente “desordem” dos centros urbanos tradicionais, com seus naturais conflitos e desconfortos quanto à chuva, ao frio, ao calor, à
                             segurançaeàpraticidade,nãosóforammotivadores,comoaindasão,namaioriadoslugares,reforçadoresdaideiadosshoppingcenterscomoosvemos
                             hoje. A instituição shopping center com suas variações tornaram-se, tal qual os mercados do passado, um dos maiores indicadores da vitalidade, da

                             pujança e da importância do comércio das cidades, fundamental para análise do desempenho econômico e um indutor e direcionador do crescimento e
                             valorizaçãodasáreasurbanas.
                                         Em sua tese de 2006, Valquiria Padilha ( shopping center a catedral das mercadorias – editora Boitempo ) sugere ser o shopping-center
                             muitas vezes entendido como segregador por concentrar preferencialmente opções de lojas voltadas para os mais abastados. Prefiro entender os
                             shopping-centers como uma opção de negócio sincronizada com uma demanda fruto do crescimento das cidades. Como prova, estes locais, trabalhados
                             para qualificar a milenar atividade do comércio, conseguem redirecionar o crescimento das cidades como polos atratores de negócios e induzir a
                             requalificação dos centros urbanos tradicionais com repaginações que buscam adequar-se aos novos conceitos exigidos pelos consumidores,
                             possibilitandoarevitalização,emumsegundomomento,daszonascentraisehistóricasdascidades.
                                         Paraofuturo,oquesepercebeéabuscadacidadesustentávelprojetada,tecnológica,intensa,formadaporagrupamentoshabitacionais
                             periféricos e integrados aos grandes centros de compras, cada vez mais complexos, plenos de opções comerciais, de lazer, cultura, alimentação e
                             serviços, em grande parte temáticos, verdadeiras cidades no entre-espaço do público e do privado, fato que, ao invés de substituir e destruir os centros
                             históricos urbanos, provocará, por reação, suas requalificações, como aconteceu em cidades europeias, atraindo novos usos contemporâneos e
                             revitalizando-os,inclusive,comousohabitacionalcomofatordeequilíbriodeocupação.
                                         Oshoppingcenteré,enfim,umainstituiçãoemplenaevoluçãoconceitual,cadavezmaisreferênciadavidaedocomportamentohumano
                             urbano e que, pelo seu significado e importância para as cidades, se adéqua permanentemente às características de cada lugar, planejado não só como
                             centro comercial alternativo, mas como elemento vital para descentralização metropolitana, redução do trânsito urbano, fomentador dos encontros entre
                             pessoasecadavezmaissustentável.

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