Page 43 - Marcelo Cerrado (em Revista)
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Prova disso foi a seleção pela Prefeitura do   ela pintou paredes
                  Rio de Janeiro, para uma exposição, da obra   na adolescência,
                  “Sereia Sustentável” – uma mistura de lixo   descobriu  como
                  reciclável e grafite.                 desenhar em cami-
                     integrante de uma rede feminista de   setas e, finalmente,
                  grafite, Juliana vê seu trabalho cada vez   fez um curso de grafite
                  mais fortalecido, graças ao reconheci-  em São Paulo.
                  mento como arte e à entrada de vários   Desde então, Andrezza passou a pin-
                  grafiteiros no mundo das galerias e ex-  tar muros com seu estilo único, de traços
                  posições. “O preconceito contra o grafite   finos e delicados. Com o grafite, a artista
                  ainda existe, mas estamos conquistando   já fez diversos projetos comerciais e ga-
                  nosso espaço e isso logo acabará”, prevê.  rante não viver situações de preconcei-
                                                        to. influenciada por diversos artistas, ela
                  ArTISTA DESDE                         lembra-se de alguns trabalhos em que já
                                                        colocou as mãos. “Já grafitei uma agência
                  O BErÇO                               de publicidade em Recife, uma escola pú-
              Fotos: Arquivo Pessoal / © Rica Prada  criança, vivia cercada por canetinhas e   oficina com crianças carentes), uma esta-  Andrezza Macêdo grafita um muro
                     A pequena Andrezza Macêdo, quando
                                                        blica na favela do Coque, em Recife (uma
                                                        ção de trem na Lapa, em São Paulo, uma
                  folhas de papel. Hoje, aos 34 anos, ela tem
                  como principais companheiros os muros
                                                        loja de móveis em Aracaju. isso sem con-
                                                        tar as artes feitas como decoração, dentro
                  e as latas de spray. interessada por artes
                                                                                              com seu estilo colorido e lúdico
                                                        de casas”, finaliza.
                  desde a infância vivida em Natal (RN),

                                                                                        GUArDA-CHUVA E XíCArA
                                                                                        Desenhos animados, livros ilustrados e obje-
                                                                                        tos do cotidiano são as principais referências
                                                                                        utilizadas  pela  grafiteira  Tikka  Meszaros  em
                                                                                        seus trabalhos. “Guarda-chuvas e xícaras estão
                                                                                        muito presentes nas minhas artes. É como se
                                                                                        tivesse algo de mágico neles”, revela, acrescen-
                                                                                        tando que se inspira também em sentimentos
                                                                                        contrastantes: inveja e amor, inocência e mal-
                                                                                        dade, doçura e raiva.
                                                                                           A artista paulistana de 27 anos já descarrega
                                                                                        latas de spray em muros há mais de 11 anos e
                                                                                        afirma nem conseguir calcular quantos traba-
                                                                                        lhos já fez. Quando reflete sobre o que mais gos-
                                                                                        ta no conceito do grafite, a explicação de Tikka é
                                                                                        cheia de simbolismos. “É preciso entender que o
                                                                                        grafite não é decoração. A importância dele está
                                                                                        na humanização da cidade: um lugar cinzento,
                                                                                        onde as pessoas só vivem a trabalhar. Nele, as
                                                                                        intervenções urbanas entram para representar a
                                                                                        individualidade e mostrar que, mais do que nú-
                                                                                        meros, cada indivíduo é uma pessoa que sente e
                   Os grafites de Mag Magrela têm personagens femininas em destaque.
                   Primeira acima: Mag trabalha em uma de suas obras                    que se expressa”, decreta a artista.
                                                                                                         r EVIST A   TE r ESINA   SHOPPING   43






          _book_teresina03.indb   43                                                                                             12/12/13   15:33
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