Page 44 - Marcelo Cerrado (em Revista)
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Cultura Foto: Editora Cosac Naify
Poeta
Singular
Aos 83 anos, FErrEIrA GULLAr
continua relevante, prepara
lançamentos e ganha uma repaginação
caprichada de sua obra poética
por mahani Siqueira
uem vê o senhor de 83 anos com lon- a ele um trocadilho especial, criado por Maria
gos cabelos grisalhos na fila do ban- Amélia Mello, amiga há muito tempo e respon-
co ou fazendo compras em um su- sável por editar os livros do escritor desde o co-
Qpermercado de Copacabana, no Rio meço da década de 1990. “Eu costumo chamá-lo
de Janeiro, talvez nem imagine que está perto de Singullar. Ele é um personagem múltiplo e, ao
de um dos maiores poetas brasileiros de todos mesmo tempo, completamente único. Uma pes-
os tempos, tamanha a naturalidade e simplici- soa muito generosa, reflexiva e sempre em ebu-
dade com que Ferreira Gullar leva a vida. Ape- lição. Se você parar para analisar, ele esteve pre-
sar da idade, o escritor faz absoluta questão de sente – de forma muito participativa – em quase
resolver tudo sozinho e de não depender de todos os episódios decisivos da história recente
ninguém nas suas atividades cotidianas. Na do Brasil, de 1930 até hoje”, reflete a editora.
vida profissional, a energia é a mesma: o poe- Nascido em São Luís (MA) em setembro de
ta se divide entre novos projetos, colunas para 1930, José Ribamar Ferreira (nome de batismo)
jornais, participações em programas de rádio e perseguiu o caminho das letras desde cedo. Aos
relançamento de sua obra. 21 anos, já premiado em um concurso de poesia
A dedicação de Ferreira Gullar, aliada à sua do Jornal de Letras, partiu rumo ao Rio de
importância para a literatura brasileira, rendeu Janeiro, onde colaborou com jornais e revistas,
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