Page 101 - JOÃO (Entrevistado por Douglas Machado)
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Porque, Seu João?
Encontra porque a gente fica vendo, analisando, o impossível que aconteceu. A grandeza
que houve e que foi feita entre os pais. Eu não cheguei a detalhar tudo ainda, mas a
minha mãe é como eu falei: do acordar à dormida. E acompanhava todos que iam
para a escola, acompanhava os que estavam em casa, os que estavam chegando, os que
iam sair. Então, acompanhava tudo. Era uma mulher de uma perspicácia. Viveu para a
família. Viveu dentro de casa para a família só pensando no que era bom para os filhos.
E o seu pai?
Meu pai era de uma grandeza sem limites.
Mas ele era como a Dona Francisquinha, assim atento aos filhos?
Era do mesmo jeito. Quase a mesma coisa. Sendo que a mamãe, a parte financeira estava
muito em suas mãos. Vamos dizer: ela pensava em comprar um rádio, por exemplo.
Naquele tempo um rádio era uma novidade, não é? Então, ela só comprava o que era
bom. Era ela quem juntava todo aquele dinheirozinho da venda de leite. Do pouquinho
ela fazia uma coisa grande. Meu pai era uma pessoa que ninguém no mundo poderia
trabalhar do tanto dele. Mais do que ele não pode. Porque ele vivia as 24 horas ligado.
O meu avô materno tinha uma lojinha pequena e papai foi a pessoa que ele entregou
para tomar de conta. E ele tomou todo o tempo. Um negócio “pequenininho” e ele
tinha somente uma pequena parte: 20%. Então, ele nunca entregou a chave da loja para
ninguém. Ele era quem abria.
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