Page 108 - JOÃO (Entrevistado por Douglas Machado)
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Isso que o senhor falou é muito importante. Gosto desta reflexão sobre o voltar ao
                               passado e dar importância, sobretudo, à convivência com as pessoas que sempre foram
                               referência em nossas vidas. Mas, retomando o Seu Joca, para finalizar...
                               Você perguntou se ele era carinhoso. Sim. Era um carinho diferente. Pelas ações, pelo
                               que fazia. A gente via que tudo que ele fazia era em função da família. Para o bem-estar
                               da família. Sinceramente, ele não tinha tempo suficiente para se dedicar a apenas um.

                               Tinha que se dedicar a todos. Essa dedicação a todos generalizava o seu ser. Então, ele
                               era uma pessoa que se dedicava ao trabalho e esse trabalho se transformava no bem-
                               estar da família. Meu pai não tinha um divertimento, não tinha um lazer. O lazer dele

                               era ver a família feliz e trabalhar. Então, ele não perdia tempo de jeito nenhum. Mas ele
                               achava que o tempo era insuficiente para o que ele precisava fazer.  Uma família muito
                               grande, e ele via na frente dele a necessidade de fazer mais. Eu não sabia nem como
                               era que podia. Então, era essa pessoa admirável. A gente sabia que ele estava fazendo
                               aquilo com tanto amor e com tanta dedicação que só não dava para alcançar o carinho

                               diferenciado de um para o outro. A gente sentia a beleza do que ele estava fazendo. Foi
                               um pai de família exemplar. Quando eu penso em uma grandeza, em uma pessoa em
                               sua grandeza de vida, eu não posso, de maneira alguma, deixar de colocar, em primeiro

                               lugar, ele e minha mãe. Se ele era assim, se ele fazia assim, a minha mãe o acompanhava.
                               E todos pensavam a mesma coisa: que era o bem-estar da família e assim foi feito toda
                               a vida deles.


































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