Page 26 - JOÃO (Entrevistado por Douglas Machado)
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sério, mas despojado de riqueza. É outro exemplo de vida, de homem. É tanto que, para

                               muitos, ele era tido como um homem de fortuna, um homem rico, entendeu? Mas a
                               riqueza dele era exatamente o seu ser, o seu comportamento, um homem de bem e a gente
                               poderia se espelhar, ele era um espelho mesmo. Então, nós olhamos muito para aquela
                               história de vida dele, e nos serviu de exemplo. E papai era o seu genro e um pequeno

                               sócio... era um pequeno sócio de um negócio pequeno. Veja bem como era pequeno:
                               meu avô não tinha muita ambição e não era um bom comerciante. Papai, idem, não era
                               um bom comerciante. Era um homem trabalhador, trabalhava exageradamente, dia e
                               noite, noite e dia, mas em outra atividade. Ele veio do campo, da agricultura, originado

                               dessa atividade, e assim foi para a cidade. Começou em uma cidade pequena, foi para
                               Uiraúna, na Paraíba – naquele tempo chamava-se Belém – depois foi para Luís Gomes-
                               RN e lá ele passou cinco anos. Foi exatamente quando nasceram quatro filhos – porque
                               lá nascia filho todo ano – eu, Valderi, Teresa e Nonata. E, por questões de conveniência

                               mesmo, meu avô resolveu ir para a cidade de Cajazeiras-PB.  Meu avô tinha um pequeno
                               negócio em Luís Gomes e papai também, uma bodega. Indo para Cajazeiras, juntaram-
                               se. E papai ficou à frente do negócio. Um negócio, também, pequeno. Tudo pequeno,
                               e assim foi. Ele não tinha muita habilidade comercial. Isso foi em 1935, e foi andando,

                               levando... Às vezes, a gente participava da loja, vendo o dia a dia deles e, em 1946, meu
                               avô resolveu botar uma filial na cidade São João do Rio do Peixe-PB, naquele tempo era
                               Antenor Navarro.



                               Que fica bem perto de Cajazeiras, não é?
                               É. Tinha trem, ele ia. E passou a gostar. Tinha os amigos dele, um ambiente muito
                               agradável para ir, uma cidade pequena. E ele resolveu ir morar naquela cidade. Então,
                               disse para meu pai que estava decidido a ir para Antenor Navarro e, se ele quisesse ficar

                               com a loja, ele passaria para ele. E assim foi feito, de uma forma que meu pai ficou com a
                               loja.  Em 1947, Valdecy estudava no Seminário, mas ia nas férias, e tinha aquele instinto
                               de trabalhar. Sempre foi exageradamente trabalhador. Não só trabalhador, tinha muita
                               coisa boa... Tudo isso que tinha no meu avô de seriedade, honestidade, capacidade,

                               dedicação, ele tinha e mais ainda: tinha o senso comercial.











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