Page 49 - JOÃO (Entrevistado por Douglas Machado)
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E era um exemplo, como o senhor falou.
                                                          Um exemplo de homem o meu avô materno. O paterno eu não conheci, era um homem
                                                          do campo, um homem que eu não cheguei a conhecer. Conheci a minha avó por pouco
                                                          tempo. Agora, meu pai, naturalmente, trouxe o exemplo dos pais dele, não é?



                                                          Antes de chegarmos no Armazém Paraíba, o que vocês vendiam na época, em Cajazeiras?
                                                          O que as lojas ofereciam para os clientes?
                                                          Olha, naquela época, um dos ramos mais fortes no Brasil era o tecido. Não existia muita
                                                          indústria de confecção. Outro ramo forte era o de máquina de costura. Quase todas as

                                                          casas, quase todas as residências, possuíam uma máquina de costura e costureiras, não
                                                          é? Cada uma fazia suas roupas... Então, tornou-se muito forte a venda de máquinas
                                                          de costura. A pessoa ser distribuidora da Singer era muito importante, era como um
                                                          grande concessionário de veículos, hoje já não tem essa participação. Então, era tecido.
                                                          Daí então, como, geralmente, as mulheres sabiam costurar, nós começamos a fazer

                                                          confecção popular. Naquela época, existia o homem do campo, o homem que trabalhava
                                                          na roça, a atividade do campo era muito forte, e nós fazíamos aquela roupa simples.
                                                          Então, era cortado o tecido e entregue a cada família para costurar. E a movimentação

                                                          era grande! É daí que vem a nossa vocação de indústria, fabricando a roupa simples.
                                                          Tornou-se uma atividade expressiva para nós.


                                                          Foi nesse período que vocês começaram a se expandir, a viajar, ter representantes?
                                                          Lembro também que o Sr.  Valdecy me falou que, numa dessas viagens, o senhor
                                                          conheceu sua esposa, a D. Socorro (Maria Socorro de Macêdo Claudino). Isso aconteceu
                                                          nesse tempo ou foi mais adiante?
                                                          Foi muito depois. A primeira filial foi o Armazém do Povo da cidade de Uiraúna, em

                                                          abril de 1953. E aí a coisa foi fluindo, foi havendo mais entusiasmo. Foi quando nós
                                                          começamos a vender, isso em 1953, máquina de costura. Foi quando começamos a ter
                                                          representantes de máquinas de costura. Nessas viagens, conhecendo o mercado, em
                                                          uma das vezes eu viajava com uma pessoa muito experiente, o representante de uma
                                                          firma de Campina Grande, o Walmir Costa, e eu pedi: “Walmir, eu pretendo fazer uma

                                                          viagem para vender e naturalmente escolher clientes na área de máquinas de costura.
                                                          No dia que você vier para fazer uma viagem no Ceará, eu quero acompanhá-lo”. E assim







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