Page 60 - JOÃO (Entrevistado por Douglas Machado)
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Eu trouxe uma cópia aqui de uma dessas propagandas antigas do Armazém Paraíba
                               (Douglas entrega a cópia do texto para o Seu João). O senhor poderia ler para a gente?
                               Muito bem. Naquela época eu tinha 28 anos de idade. Lá em casa foi uma casa do estudo.
                               Aquela pregação: “você tem que ser gente. E, para ser gente, você precisa estudar”.
                               Aquela pregação da mãe. Ela e papai investiram tudo que foi possível na educação. Eu
                               fui o mais relapso de todos mesmo. Não foi culpa deles. Foi culpa minha. Nunca fui um

                               bom estudante. Eu só passava, mas nunca fui um bom estudante. Depois eu descobri
                               minha vocação. Me faltou, realmente, depois que já estava dentro do comércio e os
                               negócios cresceram, eu sentia falta mesmo do conhecimento, do estudo, das letras. Por

                               exemplo: a propaganda eu era quem fazia. Mas eu fazia do jeito que eu sabia. Depois,
                               eu passei a gostar de ler, principalmente poesia. Sempre gostei muito de poesia e gostei
                               também de coisas boas de ler. Vamos dizer: antigamente existia a revista Cruzeiro. A
                               revista Cruzeiro, eu pelo menos, eu adquiria a revista para ler os artigos de Eduardo
                               Vilaça, de Carlos Lacerda, de Ponte Preta. Aqueles artigos bons mesmo, eu gostava de

                               ler. Bom, aí vem a prática, não é? Realmente esse texto aqui foi um dos principais, na
                               chegada de Bacabal. Eu mesmo dirigia o carro, eu mesmo com o microfone, feito de
                               uma forma que desse para eu falar, e ainda jogando presente. Era um serviço de som

                               simples. Ainda existe esse serviço de som e está aqui um dos textos:


                               Armazém Paraíba!
                               Uma loja mimosa que veio do sertão da Paraíba, para o sertão do Maranhão combater a
                               carestia vendendo por preços nunca vistos em Bacabal!

                               Armazém Paraíba está abarrotado de tecidos vindos do Sul do país, para serem vendidos
                               a preços incrivelmente baratos!
                               Eu disse Armazém Paraíba!

                               O meu, o seu, o nosso Armazém!


                               Então, eram textos assim que a gente criava. Tinha que criar, tinha que dar o recado, e
                               eu fui fazendo. Fazendo dentro do que eu sabia fazer. Pode ser alguma bobagem, mas
                               que de qualquer forma as pessoas ouviam. A publicidade é uma coisa interessante. E

                               é sempre difundido aquele nome. É sempre difundindo. Interessante é que foi criado
                               assim: instintivamente mesmo, sem plagiar e teve coisas que foram propagandas muito







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