Page 26 - Teresina Shopping: relato sobre 15 anos de contribuicoes educativas
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como também eram direcionadas a promover questionamentos para a construção de no-
                           vas visões sobre os temas tratados. Além disso, estes agentes utilizavam-se dos recursos
                           expográfi cos que contribuíram para qualidade da compreensão dos visitantes a cerca da
                           história de nossa gente, nossa cultura e economia e para despertar o interesse por con-
                           teúdos escolares e provocar refl exões sobre a realidade como um todo e do seu próprio
                           papel dentro dela.


                           As exposições temáticas e seus elementos (recursos expográfi cos, imagéticos e humanos)
                           trouxeram em seu bojo uma proposta transformadora e questionadora de apropriação
                           do conhecimento através de um universo informacional cuja mediação exigia o provoca-
                           tivo da socialização, dos sentidos da visualização. Nesse sentido, os monitores, atuando
                           como mediadores informacionais, puderam constantemente interferir no universo das
                           pessoas, provocando a transformação do conhecimento do receptor das informações ali
                           expressas conforme analisa Almeida Júnior (2006, p. 6).


                           Esta mediação exigiu uma transposição didática de saberes acadêmicos de forma a re-
                           construí-los com uma nova intencionalidade e no intuito de atingir o público escolar,
                           admitindo posturas diferenciadas promotoras da interatividade e uma refl exão num es-
                           paço pedagogicamente estimulante.
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                           A ação do shopping enquanto promotor de uma diversidade informacional não fi cou
                           limitada à oferta do evento em si enquanto uma produção cenográfi ca com estrutura
                           física e humana para acolhida de visitantes, mas foi ampliado para a efetivação do acesso
                           através da disponibilização de transporte gratuito aos grupos escolares interessados.

                           Estes passeios escolares foram um estímulo à observação, socialização das ideias e pro-
                           moção da interação social; desenvolvimento do senso crítico e do convívio com o passa-
                           do, presente e futuro. Freinet (1996), um grande educador, defendia que a função edu-
                           cativa não está de modo algum confi nada às paredes da escola. A pedagogia freireana
                           baseava-se na ação coletiva, dialógica, pessoal e vivencial. O educador acreditava que
                           uma ação revolucionária só seria possível se os educadores atingissem o objetivo da pe-
                           dagogia popular com o estabelecimento de vínculos da ação pedagógica com a realidade
                           cotidiana. Foi dele a infl uência das “aulas-passeio” durante as quais os alunos expres-
                           savam-se livremente e experimentavam uma liberdade no processo de aprendizagem e
                           que, segundo Moletta (2003),


                                                 [...] é uma forma de propor ao aluno uma participação ativa no processo de
                                                 construção do conhecimento, pois proporciona meios para que ele possa tor-
                                                 nar-se um cidadão criativo, dinâmico e interessado em atuar, de forma efetiva,
                                                 na comunidade, contribuindo para o desenvolvimento de uma sociedade mais
                                                 consciente em todos os níveis (MOLETTA, 2003, p. 11-12)
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